Um líder da facção Comando Vermelho (CV), conhecido como Véio, ordenou a execução de duas irmãs, Rayane e Rithiele Alves Porto, por meio de uma videoconferência de dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE). O crime foi motivado por uma postagem de uma das irmãs nas redes sociais, na qual ela mostrava três dedos da mão, um gesto associado à facção rival, Primeiro Comando da Capital (PCC). O sequestro, tortura e assassinato ocorreram entre a noite de sexta-feira (13) e a madrugada de sábado (14) na cidade de Porto Esperidião, a 326 km de Cuiabá.
Durante a videoconferência, que durou três horas, Véio coordenou a ação criminosa, resultando em um ato de violência extrema. O caso destaca a brutalidade das facções e a forma como operam mesmo de dentro das prisões. Essa informação foi registrada no termo de custódia dos quatro maiores de idade presos, entre os 11 suspeitos identificados.
Os acusados – Rosivaldo Silva Nascimento, 19; Lucas dos Santos Justiniano, 22; Maikon Douglas Gonçalves Roda, 29; e Ana Claudia Costa Silva, 30 – tiveram suas prisões em flagrante convertidas em preventivas pelo juiz Ricardo Garcia Maziero. Eles são responsabilizados pela morte e tortura das irmãs e pela tentativa de assassinato do irmão, R.A.P., que sofreu severas mutilações.
R.A.P. permanece hospitalizado, mas fora de risco de morte. As irmãs, que eram frequentadoras de uma igreja local e não tinham envolvimento com o crime, foram sepultadas na manhã de domingo (15) em Glória do Oeste, a 312 km de Cuiabá. O crime chocou a comunidade pela crueldade e pela absurda motivação, já que a foto que desencadeou a violência foi tirada em um momento familiar.
O delegado regional de Cáceres, Higo Rafael de Oliveira, que participou da força-tarefa que prendeu os suspeitos, classificou a motivação do crime como absurda. “Simplesmente matam por nada”, afirmou, destacando que a fronteira é controlada pelas forças de segurança, não pela facção criminosa, que enfrentou uma resposta rápida com as prisões.
Dos 11 suspeitos detidos, sete são adolescentes, considerados “mão de obra barata” pelas facções. Eles responderão por atos infracionais, e as autoridades já solicitaram suas internações em unidades socioeducativas.
As investigações continuam para identificar todos os responsáveis e desmantelar a célula do Comando Vermelho envolvida na execução. A força-tarefa promete intensificar as ações na região de fronteira, reafirmando que o crime organizado não prevalecerá.
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